quinta-feira, agosto 24, 2006

Informática na escola e na vida



a Multiculturalidade

A cultura negra no Brasil


O negro influenciou na formação de danças e cantos. Trouxe-nos também os seus instrumentos que se congregaram na nossa orquestra popular, principalmente nas danças puramente africanas em que são imprescindíveis e a que muitas dão nome.
Eles são responsáveis, quase que totalmente pela cultura do país. O povo lutador que carregou o Brasil nos ombros. E com sua força de guerreiros caminha a passos firmes em busca de vida digna, valorização cultural e pessoal, além de reivindicar seu espaço na sociedade, tão restrito.
O racismo é prática criminosa e se fundamenta na idéia de que é possível hierarquizar grupos humanos com base na etnicidade. No Brasil, o racismo é dos poucos crimes que mereceram tipificação no texto constitucional. Segundo o Artigo 5º, XLII da Constituição Federal, a prática do racismo constitui crime inafiançável imprescritível, sujeito a pena de reclusão nos termos da lei, que muitas vezes, vale para um, e não vale para outro.
A realidade social brasileira, no entanto, ainda não acompanha o avanço do quadro jurídico pátrio. O racismo continua sendo disseminado no Brasil ao ponto de produzir efeitos estruturais na sociedade brasileira. No Brasil, as raízes mais profundas do racismo podem ser traçadas ao regime escravocrata. A escravidão em território brasileiro foi, durante séculos, uma política de estado que lançou bases tão amplas quanto permanentes, seja pelo número de escravos trazidos, seja pela intimidade do sistema econômico com o regime escravista, seja pelo alcance nacional da escravidão como política e ideologia.
Apesar do alto grau de mestiçagem, que, durante muito tempo permitiu a imagem de um mito da democracia racial, pode-se afirmar que o preconceito racial no Brasil é, na prática, proporcional à tez da pele: os mais negros entre os negros são passíveis de maior discriminação. A cor negra ainda remete - em si, isolada de quaisquer outros fatores - aos espaços simbólicos da segregação e da subordinação: o navio negreiro e a senzala.
Como reverso da moeda, por qualquer ótica que se veja (tempo de duração, número de pessoas atingidas, grau de exclusão), poucas causas são tão avassaladoramente justas, desde o descobrimento do Brasil aos nossos dias, como a da população negra brasileira.
Hoje, posto em cheque o mito da democracia racial e feito o reconhecimento pelo próprio Estado brasileiro de um racismo estrutural, chega-se à delicada fase de mexer na espinha dorsal do País por meio do uso pontual da ação afirmativa em um contexto de políticas corretivas estruturais de maior prazo de implementação.
A história do Brasil está indelevelmente misturada à história da escravidão. Embora historiadores não concordem com a data exata da chegada dos primeiros escravos, é possível dizer-se que nos seus quinhentos anos de existência, o Brasil tem funcionado sem escravos por menos de cento e cinqüenta anos. Nos restantes trezentos e cinqüenta, o país se fez à custa do suor e do sangue dos negros que chegavam às praias brasileiras, emergindo da travessia do Atlântico nos porões dos navios negreiros, dos quais só sobreviviam os mais fortes.
A nova escravidão de que se fala, hoje, não se trata de uma sobrevivência do passado. Mas de uma invenção do moderno sistema econômico. Por isso mesmo, podemos encontrar trabalhadores em regime de servidão não só no campo, mas também nas grandes cidades. É o caso freqüente de imigrantes bolivianos clandestinos trabalhando na indústria de confecção em São Paulo. é completamente diferente das duas modalidades de escravidão que já tivemos ao longo de nossa história, a escravidão indígena e a escravidão negra, cada qual regulada por um estatuto jurídico diferente. Raramente se trata do escravo-coisa, o escravo-mercadoria, como foi próprio da escravidão negra, no inicio da colonização brasileira pelos portugueses e europeus
É servidão por dívida, na maioria dos casos, o trabalhador subjugado por um endividamento manipulado pelo traficante de mão-de-obra e pelo patrão. Uma dívida artificialmente acrescida para pagamento da alimentação de que o trabalhador precisa.
A liberdade conquistada está muito além da Lei Áurea: "20 de novembro temos que repensar a liberdade que o negro sempre teve de lutar…" Essa é a primeira frase que abre uma das principais letras de Rappin Hood, que já há alguns anos norteia através do refrão "sou negão hei, sou negão oh", a juventude negra nas periferias do Brasil.
O reconhecer-se como negro e orgulhar-se disso é algo recente quando tomamos como parâmetro à história do país. Do início da década para cá podemos perceber um boom seja na mídia, na música, na educação, na política, na fé e em tantos outros aspectos que têm servido como base na luta contra o preconceito e em favor da liberdade. Mas tudo isso não começou agora, não surgiu do nada e brotou como expressão dos nossos ideais. Para que nós hoje tenhamos o espaço que temos, muita gente teve que batalhar, para que a voz do negro se fizesse ouvir.
Martin Luther King disse certa vez em um de seus sermões a seguinte frase: ‘A liberdade jamais será dada voluntariamente pelo opressor, ela deve ser conquistada arduamente pelo oprimido’. E certamente o povo afro-brasileiro sabe o que é ser oprimido e o que é ter que conquistar sua liberdade. Vale a pena traçar um perfil histórico dessa luta.
Treze de Maio
Treze de maio traição,
liberdade sem asas
e fome sem pão
Liberdade de asas quebradas
como
........ este verso.
Liberdade asa sem corpo:
sufoca no ar,
se afoga no mar.
Treze de maio – já dia 14
o Y da encruzilhada:
seguir
banzar
voltar?
Treze de maio – já dia 14
a resposta gritante:
pedir
servir
calar.
Os brancos não fizeram mais
que meia obrigação
O que fomos de adubo
o que fomos de sola
o que fomos de burros cargueiros
o que fomos de resto
o que fomos de pasto
senzala porão e chiqueiro
nem com pergaminho
nem pena de ninho
nem cofre de couro
nem com lei de ouro.
O que fomos de seiva
.......................de base
..................... de Atlas
o que fomos de vida
........................e luz
chama negra em treva branca
.......................quem sabe só com isto:

que o que temos nós lutamos
para sobreviver
e também somos esta pátria
em nós ela está plantada
nela crispamos raízes
de enxerto mas sentimos
e mutuamente arraigamos
....quem sabe só com isto:
que ela é nossa também, sem favor,
e sem pedir respiramos seu ar
....a largos narizes livres
bebemos à vontade de suas fontes
... a grossas beiçadas fartas
tapamos-destapamos horizontes
....com a persiana graúda das pálpebras
escutamos seu baita coração
....com nosso ouvido musical
e com nossa mão gigante
batucamos no seu mapa
....quem sabe nem com isso
e então vamos rasgar
a máscara do treze
para arrancar a dívida real
com nossas próprias mãos.
Oliveira Silveira
Banzo - Saudade Negra
Por que os heróis nunca são negros? Nos contos de fadas, o papel de protagonista pertence aos brancos. O povo negro é discriminado em todos os cantos do planeta onde os brancos são maioria. E a sua sala de aula, professor, será território neutro? Por mais que você se preocupe em tratar todos da mesma maneira, os negros continuam sendo discriminados. Quer ver como? Pense nos livros que a turma lê. Eles mostram famílias negras de classe média, felizes e bem-sucedidas? Têm príncipes, reis e rainhas que não sejam brancos? Você não acha isso um problema? Então imagine o que significa ser despertado para o prazer da leitura sem ver sua raça representada de forma positiva nas páginas dos livros.
Lendas, contos da carochinha e mitologias ajudam as crianças a construir sua identidade. Num processo de transferência, os pequenos se colocam no lugar dos heróis e vivenciam as sensações dos personagens. Sentimento de inferioridade e auto-rejeição são as conseqüências mais comuns na auto-estima de quem não se reconhece nas histórias contadas na escola. Todos querem ser aceitos por seu grupo, pela sociedade. Muitos alunos passam a se enxergar como brancos.
Infelizmente, a imagem que se tem da África e de seus descendentes não é relacionada com produção intelectual nem com tecnologia. Ela descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas coloridas. Essas idéias distorcidas desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é vítima.
O pouco caso com a cultura africana se reflete na sala de aula. O segundo maior continente do planeta aparece em livros didáticos somente quando o tema é escravidão, deixando capenga a noção de diversidade de nosso povo e minimizando a importância dos afro-descendentes. Por isso, em 2003, entrou em vigor a Lei no 10.639, que tenta corrigir essa dívida, incluindo o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas. Uma norma não muda a realidade de imediato, mas pode ser um impulso para introduzir em sala de aula um conteúdo rico em conhecimento e em valores.
os sacerdotes africanos participantes das religiões de culto aos antepassados, das regiões de Angola e do Congo, chamados de Kimbanda e Nganga, respectivamente. O contato com os colonizadores europeus, que traziam no seu imaginário os conceitos de feitiçaria e práticas mágicas, acabou por ressignificar os seus costumes religiosos. De sacerdotes desses cultos, acabaram sendo vistos como feiticeiros e praticantes de magias negras. Ao lado desse rótulo externo, os cultos, dirigidos pelo Kimbanda e Nganga, foram se transformando, através de uma dinâmica cultural com as religiões e religiosidades européias e indígenas, gerando cultos como a cabula, o calundu e a macumba, que no século XX, formaram matrizes religiosas como a Umbanda. Henrique Dias, Guerrilheiro, filho de africanos, nasceu em Pernambuco, no início do Século XVII. Durante as Invasões Holandesas comandou um grupo de negros que participou de várias batalhas em Pernambuco, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte. Por sua atuação nos combates, recebeu a patente de governador das companhias de crioulos, negros e mulatos da guerra de Pernambuco. Ficou famoso por não perder uma só batalha - a única vez em que caiu prisioneiro, fugiu com facilidade porque os holandeses lhe deram pouca importância devido a sua condição de negro- e, terminada a guerra, entrou festejado no Recife à frente do seu pelotão. Ao contrário dos outros militares que combateram os holandeses, pouco recebeu em troca e, em 1656, teve que viajar a Portugal para reclamar o pagamento de soldos atrasados. Morreu no Recife, a 08 de julho de 1662, e os seus funerais foram pagos pela Fazenda Real, por ordem do governador Brito Freire.
Os Orixás são energias da natureza, são seres de altíssima vibração que já foram criados perfeitos ou, que já passaram por matéria, não só neste planeta, e que conseguiram chegar a um altíssimo nível de esclarecimento e purificação. Não são simplesmente espíritos como se diz, é energia pura, não possuem mais nenhuma energia ligada à matéria. São Deuses, pois agem sobre os elementos da natureza e em tudo que se existe. Olorum é o orixá que simboliza o céu. Não é representado sob nenhuma forma material, e seus atributos são a totalidade, a perfeição e a universalidade.